quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Policial, pai de família e peso pesado do UFC: conheça Mike Russow



Quem assiste a um treino do peso pesado Mike Russow não imagina que, por trás do homem de mais de 1,90m de altura e 110kg, existe um homem tímido, educado e gentil, que em nada se assemelha ao estereótipo que se tem dos lutadores da maior categoria de peso do UFC. Durante cerca de uma hora, o SPORTV.COM acompanhou a dura rotina do lutador, que se prepara para enfrentar Jon Olav Einemo pelo card preliminar do UFC: Evans x Davis, que acontece no próximo sábado, dia 28 de janeiro, no United Center, em Chicago.
Simulando os movimentos de Einemo, o sparring sofre com a força de Russow. Nos intervalos em que descansa, ele mostra cansaço e um pouco de dor.Treinado pelo brasileiro Renato Comprido desde 2007, Russow é um americano típico. Casado, pai de uma filha e membro da polícia de Chicago, o lutador começa o seu dia com um rápido aquecimento e alongamento, para em seguida executar uma brutal sequência de movimentos, que inclui a luta greco-romana, jiu-jítsu e golpes em sacos de areia. Praticamente sem descanso, ele executa golpes e movimentos de diversas artes marciais contra seu técnico e um sparring, que tem físico semelhante ao do seu adversário no próximo sábado.

- Esse cara é forte e muito duro de enfrentar. Não é fácil - diz, respirando com dificuldade.

Já Comprido, que coordena os trabalhos, executa com Russow a sua especialidade: o jiu-jítsu. Reforçando o jogo de chão do seu pupilo, o brasileiro insiste para que ele não pare de se movimentar, visando o desgaste físico de Einemo.

- O Mike é um lutador muito forte. Pode não ser o mais técnico do mundo, mas tem um coração gigantesco. Ele vai até um poico acima do seu limite. Lembro que, na luta contra o Todd Duffee, no intervalo do primeiro para o segundo round, ele sentou no corner e eu comecei a pedir para ele executar alguns movimentos. Ele olhou para mim e disse que estava com o braço quebrado. E estava mesmo. Como técnico, eu nunca iria dizer para ele desistir. Isso acabaria com a confiança dele na luta. O que eu pude fazer foi olhar para ele, dar uns dez segundos de pausa e pedir para que ele avançasse e partisse para a trocação, porque com um braço só ele jamais conseguiria executar uma finalização. Esse é o Mike. Eu não duvido de mais nada dele depois disso.

Após mais duas sessões de treino com o sparring, o técnico e os sacos de areia, Mike Russow se prepara para deixar a academia. Já vestido para ir embora, ele conversou com o SporTV.com com exclusividade, e mostrou que, fora do octógono, é um homem de sorriso fácil, educado e que preza, acima de tudo, a vida simples que leva no dia a dia.



Você tem algum ídolo?Lutar na sua cidade, Chicago, tem um sabor especial para você?

Lutar aqui, para mim, é uma faca de dois gumes. Por um lado, estão aqui meus amigos, minha família, meus colegas policiais, todos me vendo e torcendo por mim. Isso é um incentivo. Mas, ao mesmo tempo, existe a pressão para não decepcioná-los, para que saiam do United Center felizes. Lutar em Chicago é especial, de qualquer forma. Eu já lutei aqui, em alguns ginásios. Mas no United Center, que é tão importante para a cidade, me emocionará de um jeito diferente.

Ídolo na luta, não. Para mim, ídolos são as pessoas que acpmpanham a sua vida e te ensinam coisas importantes. Como minha mãe, meus parentes. Esses, sim, eu diria que são ídolos.


Caso você vença essa luta, contra Jon Olav Einemo, quem você gostaria de enfrentar no caminho até o toopo da divisão dos pesados do UFC?

Há alguns lutadores que eu gostaria muito de lutar contra. Roy Nelson e Travis Browne são dois deles. Seria atingir um outro patamar dentro do UFC. Espero fazer três lutas este ano, e gostaria que duas delas fossem contra esses dois lutadores.


Você ficou quase um ano sem lutar, mas antes deste período, venceu dez de suas onze últimas lutas. A falta de ritmo pode prejudicial para você contra Einemo?

Sem dúvida, é um dificultador. Mas o que eu mais quero hoje é continuar trabalhando, ser mais completo e chegar a ficar entre os três ou cinco melhores pesos pesados do UFC.


Quem é a sua maior referência enre os lutadores?

Admiro muito a forma de lutar de Chael Sonnen. Ele é um excelente wrestler, e sua atitude no octógono é muito interesssante. Não é uma referência para mim fora de lá, pois somos completamente diferentes. Outro lutador que eu eu admiro muito é Matt Hughes, que foi meu técnico assistente.


Você acha justo que pesos pesados vindos de outro evento, como o Strikeforce, tenham a chance de disputar o título antes dos que já estavam no UFC, como Alistair Overeem?

Alistair é uma lenda, acho justo que ele tenha essa chance, por tudo que fez na carreira. Mas acho que os demais lutadores que estão no UFC poderiam estar um pouco à frente dos que chegaram agora na organização na hora de se decidir quem disputará um cinturão.


Ter treinado com Brock Lesnar na Death Clutch lhe trouxe algum ensinamento especial?

Brock me ensinou a ser intenso, a me preparar para tudo, e enccarar o que vier pela frente. A intensidade dele me ensinou muita coisa.


Você treina com o Comprido desde 2007. O que ele representou em termos de evolução no seu estilo de lutar?

Desde quando começamos a trabalhar juntos, eu sinto que houve uma conexão. Eu diria que a união do meu estilo ao dele me tornou um lutador mais completo. Ele me ajudou muito nas técnicas de chão, na qual é um especialista. Eu aprendi muto com ele, e agradeço a oportunidade de trabalharmos juntos há tanto tempo.


Se a sua filha quiser ser lutadora, o que você sentirá?

Meu Deus, não quero isso nunca. Mesmo se fosse um menino, eu não gostaria. Preferiria que estudasse mais e tivesse uma profissão mais voltada para o intelecto, ou que se dedicasse a outros esportes. Eu gosto disso, mas não gostaria de ver minha filha lutando MMA.


Você é um policial, tem sua família, uma vida estruturada. Por que é um lutador de MMA?

Basicamente, porque eu amo isso aqui. Claro que o dinheiro ajuda, mas a maioria dos policiais têm dois empregos, e não ganhamos mal em nossa profissão. O meu maior motivador para lutar é o amor que sinto pelo esporte. Se não amasse, não treinariia tanto, nem me sacrificcaria como me sacrifico para ser um dos melhores. Para estar aqui, você tem que realmente amar o MMA e tudo que o envolve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário